O SPED e o Contador – O novo ponto de partida

O SPED e o Contador – O novo ponto de partida

Em silêncio, rio muitas vezes com as imagens fantasiosas que surgem na minha mente, totalmente desconexas com os assuntos debatidos. Ultimamente, quando algum contador, ou alguém do ramo, conversa sobre o SPED Contábil para empresas de Lucro Presumido, imagino uma batalha medieval ou a cidade do final do século XIX no meio de surto da gripe espanhola. Muitos morrerão e só os fortes ou os que se adaptarem sobreviverão.

Por que o SPED causa isso? Na minha modesta opinião, o SPED (e o E-social – papo para outro post) representa a fronteira final para um novo pacto de serviços entre o contador e seu cliente (interno ou externo). Antes de seguir preciso esclarecer que também tenho mais dúvidas do que certezas. E que minhas certezas estão lastreadas mais nos meus erros do que nos meus acertos. Meu primeiro passo é esclarecer para o cliente o que o contador não é:

  • O contador não é mágico nem adivinho;
  • O contador não é matemático. Nossas habilidades são outras;
  • A contabilidade não é uma ciência exata;
  • Nosso trabalho depende das informações que o cliente nos fornece;
  • Não temos o poder de mudar o passado;

Se o seu cliente (ou chefe) não conseguiu entender ou aceitar algum dos itens acima, então FUJA! É certeza de problema. A dúvida está em saber quando e qual o tamanho do problema.

Meu segundo passo é convencer que uma solução de organização e processo de trabalho construído em conjunto é o melhor caminho. É uma equação com resultado positivo para as duas partes: com redução de trabalho e aumento de precisão. Ninguém quer custos de excesso de burocracia. A solução tem que ser conjunta, caso contrário o cliente terá que arcar com os custos mais altos ou terá perda de qualidade e agilidade do serviço que recebe do seu contador.

Aí está a grande armadilha: e se o cliente disser que não concorda, e que eu que tenho que me virar? Ora, todos nós já sabemos onde isso acaba. Não há mágica. Ou você enfrenta o problema agora (já que não enfrentou no passado), ou ficará refém até seus custos não suportarem mais. Vamos encarar de frente. Não tem mais diário para ser escriturado ou registrado depois. Fazer alguma declaração com o que tem e depois retificar (quando são retificadas), e outras práticas ruins sempre justificadas pelo “não deu tempo para fazer”.

Meu terceiro passo é estabelecer um maior leque de serviços do que os tradicionalmente realizados. Mesmo que o cliente não queira, é preciso que ele saiba que tenho competência para isso.

Nosso mercado mudou muito desde a estabilização da moeda. Éramos, em geral, grandes geradores de guias de impostos, folhas de pagamento e despachantes disfarçados. A distorção causada por uma alta inflação e o atraso tecnológico nos colocou em um papel auxiliar em grande parte das empresas por um longo tempo. Os novos empresários brasileiros, jovens na faixa de 20 a 40 anos, são ávidos por apoios mais sofisticados e complexos. E você já toma conta da empresa dele. Por que você não é o consultor dele também?

Sinto dizer que os que não adaptarem seu perfil de negócio e suas ferramentas de TI para otimizar seu processo de trabalho e comunicação estarão fora do mercado em alguns anos. Ou pior, ficarão com a sobra de clientes. Aqueles que foram recusados pelos escritórios que não admitiram mais clientes ruins, indisciplinados e inadimplentes. Viverão refém da sua própria covardia.

A questão é – O que você quer ser? Aproveite as mudanças que vêm de fora. Faça suas próprias mudanças. Se aperfeiçoe. Se valorize. Tempos de mudanças são ao mesmo tempo de angústias e de grandes oportunidades.

Frederico Fernandes

Frederico Fernandes, formado em Ciência Contábeis pela UERJ, mestre em ciências contábeis pela UFRJ, e pós-graduando do L.LM em Direito Corporativo do IBMEC/RJ. Ex-professor do curso da Faculdade de Engenharia de Produção/UFRJ, e dos cursos de administração da Makenzie/Rio e de Ciências Contábeis da Unilasalle. Sócio do grupo L.A. Contab.

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