Aproxime-se do seu contador antes que seja tarde!

Aproxime-se do seu contador antes que seja tarde!

Há exatos três anos escrevi um artigo cujo título era “Aproxime-se do seu contador porque o bicho vai pegar”. Alertei empresários, através do texto e de uma foto explosiva escolhida à dedo do filme “Star Wars”, que todos deveriam estreitar os laços com seus contadores caso quisessem construir negócios prósperos e duradouros. Em poucos parágrafos expliquei porque, a partir daquele momento, essa aproximação havia se tornado vital para todas as empresas do país. O artigo caiu na graça dos contadores e foi compartilhado centenas de vezes em menos de 24 horas.

Mas, como era de se esperar, a popularidade do artigo não durou para sempre. Os meses foram se passando e o burburinho ao redor do texto foi diminuindo. Tudo indicava que a fina poeira internética que se depositava sobre ele a cada dia condenaria o meu blog post ao esquecimento completo. Até que, semana passada, tive a certeza de que o dia do Armagedom (ou da “guerra final”) havia chegado para diversos empresários brasileiros.

Como eu sabia?

Não sou mago e nem prevejo o futuro. Tudo o que falei na época era muito claro para todos aqueles que acompanham de perto a evolução das exigências da Receita Federal do Brasil. Desde 2007, quando o SPED foi lançado, a RFB vinha aumentando, ano após ano, a sua capacidade de monitorar as movimentações fiscais, contábeis e financeiras das empresas brasileiras. O objetivo era claro e nobre: fechar o cerco aos sonegadores e aumentar a arrecadação de impostos.

Caso você seja leigo no assunto, basta entender que a movimentação financeira de uma empresa (a soma de tudo que passa pelo seu caixa, por suas contas bancárias ou por maquininhas de cartão de crédito) tem que ser compatível com seus relatórios contábeis (que mostram a natureza dessas transações), e com sua movimentação fiscal (principalmente com as notas fiscais emitidas). Todo real que passa pela sua conta bancária tem que ter um lançamento contábil que o explique e, caso esse real seja passível de tributação, tem que ter uma nota fiscal que detalhe os impostos que incidem sobre ele. Incoerências nesses dados indicam uma de duas coisas – sonegação fiscal ou falta de organização. Os dois casos resultam em multas altíssimas que colocam em risco a continuidade da empresa e/ou desenquadramento do simples (caso se aplique).

Meses antes da publicação do meu artigo, a RFB tinha terminado de montar o seu quebra-cabeça. Tinha passado a exigir o SPED contábil para empresas do Lucro Presumido que distribuem lucro acima do limite da presunção, e havia implementado a E-financeira, obrigando instituições financeiras a reportarem todas as transações de seus clientes em tempo real. O Brasil dava um passo importante naquele momento, tornando quase impossível a sonegação de impostos. Infelizmente, nem só sonegadores cairiam na implacável malha fina, mas também milhões de empresários que lutavam para continuar operando e não entendiam a importância de reportarem números coerentes.

Empresários não deram muita atenção

No final, o artigo repercutiu mais entre contadores, que entendiam profundamente os riscos envolvidos e há anos tentavam alertar seus clientes para o risco eminente. Até hoje não sei se os empresários “não levaram fé” (como se diz aqui no Rio de Janeiro), afinal de contas até aquele momento não investir em organização havia valido à pena. Ou então se “levaram fé”, mas estavam muito ocupados, lutando contra riscos mais urgentes e deixaram esse para depois. A conta começou a chegar.

Pois bem, o bicho pegou!

Veja esse documento abaixo:

Foto: Reprodução

 

Caso você tenha ficado com preguiça de ler, deixa eu te explicar o que aconteceu. Um belo dia, um empresário chegou na sua empresa de manhã, todo feliz, quando recebeu uma cartinha que chegou pelo correio. Essa carta dizia, de forma fofa, o seguinte:

“Meu amigo, a casa caiu! Nós cruzamos todos os seus dados dos últimos 5 anos e identificamos que suas declarações não batem com a realidade. Não queremos saber se você sonegou de propósito ou se está todo desorganizado. Você tem 20 dias para se defender, mas já adianto que não vai conseguir nada. Vai preparando o cheque aí de centenas de milhares de reais porque vamos passar para pegar.”

O jogo provavelmente acabou e não adianta reclamar – já era! E o nível de sofisticação do negócio é alto: os bancos da empresa, nesse caso o Bradesco e o Santander, comunicaram a movimentação dele para a Receita Federal, que por sua vez transmitiu os dados para a prefeitura de Ribeirão Preto. A prefeitura cruzou os dados com as declarações da empresa e tchaaaan tchaaaaan… Game over. Note que não se trata de uma empresa grande: a movimentação do banco indicava entradas de R$ 30.000 reais por mês. A Receita vê tudo de todos, e se você andar fora da linha vai se dar mal, não tem saída.

Como passar longe deste problema?

Vou repetir o que disse em 2015. Tenha uma conversa franca com o seu contador. Entregar essas obrigações é uma responsabilidade compartilhada entre vocês dois. Explique para ele como você organiza suas finanças, seja franco com relação ao tempo que você tem para preparar e enviar essas informações em tempo hábil.

Tenho certeza de que, juntos, vocês irão estruturar um processo e escolherão ferramentas que funcionem bem para os dois lados. O Nibo foi desenvolvido com esse objetivo, ajudar empresários e contadores a se integrarem melhor, a desperdiçarem menos tempo com burocracia e a focarem suas energias no desenvolvimento dos seus negócios. Fique de olho nos nossos conteúdos e conte conosco no que precisar.

CEO do Nibo, formado em Economia, pela Ibmec, Gabriel tem passagem por grandes empresas, como McKinsey e JPG, e tendo atuado como CFO da Hamon do Brasil e Beneteau do Brasil.

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